Bastou um segundo para te ver ir. Esperei que a tua silhueta se esfumasse e com ela a possibilidade de voltar atrás. Não é que o queira, mas queria poder ter-te. Nem sei quantos dias já passaram, mas sabem-me a demasiados... Não me lembro de ter pestanejado. Não me lembro sequer de onde ficaram as minhas mãos, as que apertavas quando fazíamos amor, para que não te fugisse. Não me lembro se o teu semblante ficou carregado, se nem te moveste, ou se apenas te desiludi. Já não me lembro de nada do que disse, mas sei que foi forte o bastante para que o entendesses.
Quero-te, sim. Desejo a tua vida na minha, sim. Imagino-te a caminhar ao meu lado, com os pés na areia molhada, empurrando-a com o nosso peso e deixando as marcas que o mar levará quando passarmos, mas sobrando-nos as sensações e a areia que custará a sair. Precisava de ser menos determinada. Gostava de ser capaz de seguir em frente, largando umas quantas amarras, mas sei que elas me ligam ao que vim fazer aqui, e é demasiado importante para ser trocado.
Bastou um segundo, e todo o amor que aprendi a ter por ti acabou por me abandonar. Perdi-te, por escolha minha, mesmo que não tenha escolhido a solidão que me coube, e ela apenas terminará quando sentir que terminei o que comecei. Bastou um segundo para que reforçasse o que já sabia. Amo-te tanto, mas não de forma a que me perca de mim. Amo-te, mas quero que seja de sorriso nos lábios e sem as queimaduras de ferros invisíveis. Amo-te, e mesmo que tenhas partido a acreditar que te menti, um dia entenderás que apenas uma mulher consistente, inteira e determinada o bastante para ser o que escolheu, te poderá escolher para que fiques. Amo-te e tu vais entendê-lo, se ainda não tiveres desistido de mim!
0 Comentários