Perder-te. Ver-te ser arrancado, enquanto lutava com todas as minhas forças para te manter, levou parte de mim. Perder-te. Saber que nunca mais te tomaria nos braços e que o teu riso se silenciaria até me ensurdecer. Perder-te. Entender que vivi demasiado pouco de tudo o que tinhas para mim, fez-me sentar no chão e não querer voltar a levantar.
É possível, agora sei e acredito, que chegue quem nos carregue ao colo e assegure de que a vida poderá voltar a ter cores brilhantes. Se nos dermos tempo. Se nos aliviarmos do peso de ter que ser, enquanto deixámos de perceber o que isso significa, é possível que um amor chegue e nos salve.
Passei longos dias a recordar quem foste, o que tínhamos e até onde nos foi permitido evoluir. Os meus dias passaram a correr ao contrário e nunca mais soube ao que sabiam beijos genuínos. Acordar era igual a adormecer, porque estava parada, quieta e sem qualquer movimento que suportasse a minha nova realidade. A minha pele era tocada para que se mantivesse limpa, mas perdeu qualquer sensibilidade e tom. Falar era um exercício hérculeo e nada do que dizia, quando eventualmente o fazia, parecia ter qualquer relação com o presente. Os meus olhos deixaram de querer ver e apenas olhava quando era vista.
É possível, acabei por aceitar e até agradecer, que me salvem e que o amor retorne para donde nunca deveria ter saído. É possível voltar a sorrir e a reencontrar os sabores até dos citrinos com sal. É possível, bem possível, que um dia deixe de procurar por respostas e que aceite que não ficaste, não me continuaste a abraçar, porque terias que ir. É possível, como tudo parece realmente ser, que eu pare de querer chorar e volte a amar!
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