Há muito que esperava pela parte da tua vida que certamente te trouxera até mim. Há muito que me perguntava como poderia um homem como tu estar sozinho. Há muito que as palavras ficavam presas na garganta, porque não queria ser eu a começar!
Continuas a surpreender-me pela sensibilidade e pela atenção com que me olhas e entendes. Tu já sabias que teríamos que avançar e por isso, depois de muitas trocas de palavras sem som, falaste-me do amor que tiveste antes. Marcou-te, como marcam todos os amores, os que correm bem e os que correm mal.
- Amei-a muito, creio que a dobrar, compensando a sua falta de amor.
Esta parte foi incrivelmente dolorosa, mesmo tendo terminado, dói pensar que já quiseste tanto alguém como me queres agora. Não queria ter que te dividir, nem mesmo em memórias ou pensamentos. Ainda não sei a que lugares a levaste e se os estás a repetir comigo. Não sei se é nela que pensas quando olhas para mim. Não sei sequer se nos comparas e se gostarias de voltar atrás no tempo, para que o tempo te permitisse recuperar o seu sabor. Não sei, mas também não arrisco perguntar.
Sinto que estás apreensivo, queres certamente perceber o que estou a pensar. É inevitável que se carregue alguma vida para além da nossa, e eu teria que acabar por saber mais de ti. Foste falando e ficando mais leve, a tensão desaparecera até do teu corpo. Já sorrias e brincavas, tocando-me sempre, talvez para me assegurares de que o passado ficara lá, no passado, mas como para mim não soou assim, sou forçada a disfarçar o desconforto e deixo cair a minha cabeça no teu peito. Ouço o teu coração bater de forma tranquila, enquanto o meu está a mil.
- Estás bem querida?
- Sim estou, obrigada pela partilha.
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