26.12.17

Nada como conseguir ver o nada...

adult, back, black and white


Nada como o dia depois do outro onde estiveste, para saber quem és. Nada como deixar que te mostres, solto e sem muita intervenção minha, para que eu perceba quando terei que intervir. Nada como ter na minha boca o sabor que trouxeste de uma outra, para que ele não fique, não se me cole e não me iluda. Nada como não ter nada de ti para nada poder esperar...

Algumas pessoas chegam para que o frio se instale, bem dentro e sem que nada possamos fazer para o arrancar, não de imediato, não quando seria bem mais fácil. Não sei porque teremos que as ter, se na verdade nunca nos poderão pertencer. Algumas pessoas conseguem revirar o nosso Universo e levar-nos a acreditar que este mundo é bem pior do que o vemos. Trazem dores que não nos pertencem e escolhem não tirar, porque sem elas deixariam de ser quem conhecem. Olham-nos bem fundo como se procurassem salvação, mas não se deixam olhar. Fogem com o olhar e refugiam-se no vazio que criaram, o mesmo vazio do qual deveremos fugir, recusando salvar quem não se salva.

Nada como um dia quieto, sem barulhos que nos perturbem o pensamento, para podermos pensar. Nada como lavar as mãos em águas límpidas para ver a sujidade que se colou. Nada como não querermos mais nada de quem nunca nada nos deu, para que o nada possa finalmente partir...

Sem comentários:

Enviar um comentário