Amor a 50/50. Já tive. Já soube o que significava sentir por metades, metade eu e metade quem me amava. Já consegui medir, e pesar, a pessoa que nunca me parecia bastar, porque cansar-me dela seria desistir da vida como a conheço. Amor a 50/50. Do mesmo lado e ao mesmo tempo. Amor que dava e recebia logo de volta, no mesmo segundo. Quando estávamos apenas nós, éramos mesmo só eu e tu e nada parecia ter espaço ou volume bastante para nos atrapalhar.
Tanto que recordo as palavras que não pareciam chegar, porque deixar de as usar, mesmo durante os silêncios a que as nossas bocas nos forçavam, se tornaria doloroso. Tanto que o doce que te passava me adoçava a alma e fazia acreditar em tudo, em ti, em mim e na força que parecia crescer de cada vez que nos tocávamos. Tanto que aprendi, quando estava contigo, porque aprender me aproximava e deixava pronta para o que me trazias.
Amor a 50/50. Amor que não se gastava, mas que gastámos quando decidimos explicá-lo. Amor que não voltaremos a ter, nem eu que amo com a intensidade dos condenados e muito menos tu que receias amar. Amor que soubemos replicar, mas não pelo tempo que nos bastaria e menos ainda para que pudéssemos parar de nos parar. Amor que ainda não voltei a sentir e que muito provavelmente, e para que o castigo seja bem maior, nunca mais será meu. Amor, o teu, que mesmo perdido sei ter sentido e meu que mesmo tendo desperdiçado, porque o duvidaste, foi o melhor que já tiveste, nesta e em muitas outras vidas onde não estive.
Amor a 50/50, só assim concebo os que arriscarem querer instalar-se. Quem teve tudo nunca mais entenderá o sabor do menos. Eu sei que não...
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