O que faço desde que te foste. Os movimentos que o meu corpo permite, são mecânicos, seguem uma rotina que não é a minha, nunca foi, mas há muito pouco que consiga fazer e queira, porque sem ti, não sou, não tenho, não quero e não me sinto...
Os meus sorrisos são esgares. Os meus olhos não têm brilho, e o meu corpo deixou de me respeitar, nem poderia, porque o comando de forma errada e deixo-o, abandono-o, para que me doa menos, mesmo que não pare de doer.
Os meus movimentos, contigo, eram cadenciados, tinham ritmo, carregavam todo o desejo que carregava por ti. Os meus movimentos, logo que te via, tornavam cada músculo mais forte e capaz de passar a energia a todos os outros, para que também tu o sentisses. Os meus movimentos deixavam-te a cantar, a assobiar as minhas músicas e traziam-te, a cada minuto, até à minha boca para que a beijasses sempre e para sempre.
Tu prometias-me, juravas e afirmavas, sempre que me apertavas, forte e determinado, que nunca me deixarias só, porque sozinha eu não serviria a ninguém. Tu prometeste, homem da minha vida, que estarias onde estivesse eu, que cuidarias de cada centímetro do corpo que agora deixou de funcionar, que me acordarias com a energia de que eras feito e da qual me alimentava, para me levasse até ao resto da vida que já tive e da qual nem sequer me recordo. Tu prometeste, no primeiro dia em que soubemos os dois, que só poderia ser assim, que só poderíamos ter este percurso, que só nos poderíamos amar, um ao outro e que eu poderia adormecer quieta, porque me estarias a velar o sono no qual sonharia contigo.
Eu sinto que vou gritar, que preciso de chorar até que as lágrimas corram pelo chão que percorrias, mas os meus movimentos falham-me e deixaram de sequer fazer sentido. Tu prometeste amor, e eu acreditei, tanto, como precisava de acreditar agora, que irei continuar a viver, porque apenas sobrevivo. Tu prometeste-me amor, por isso não podias ter ido, não deverias ter deixado que te carregassem, ficando tão quieto como estão os meus movimentos agora..
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