Agora diz-me, se souberes, como é suposto continuar a viver sem ti? O que fazer quando nada do que faço parece ter sentido? O que pode chegar, mesmo que seja bom e me traga notícias que até esperava, se não te tenho para as partilhar? Que sentido faz não encontrar sentido em nada do que faça, mergulhando numa aparente passividade? Vou estando sem estar e dizendo o que tenho que pensar, repensando cada palavra para que não te carregue. O que posso querer desta vida, se nela não estiver quem me foi destinado e quem até já tive?
Não sou programável e não programo em demasia, mas penso, até à exaustão, sobre o que pretendo mostrar e sentir, porque sem fundações resta-me tão pouco, quem nem a pessoa mais plena me saberia reconstruir. Não espero demasiado do futuro, mas incluo-o em cada pedaço de presente que conquisto depois de tanto passado desperdiçado. Já não deixo nada por dizer e não encontro forma de me perder de mim. Não, porque sem me ter ninguém me poderia sentir. Não, porque não adianta deixar para trás o que terei que carregar. Não, porque já não esperando demasiado dos outros, aprendi a esperar TUDO de mim.
Tanto que já sei e tanto que percebo não saber ainda, talvez por isso mesmo me pergunte, sempre e de cada vez que paro para pensar, como é suposto continuar a viver sem ti, permitindo que a vida tenha sentido?
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