Tudo o que escolhermos, eu e tu, não será para que nos vençamos no amor, mas na vontade de continuarmos a sentir esta vontade de estarmos um com o outro. O que quer que vejamos agora, inclui-nos e transforma os desejos, aqueles que fomos sentindo em silêncio, mas que agora partilhamos sem medos e sem vergonhas, em muitas realidades. Não nos cobramos mais do que somos capazes de fazer, e é tanto o que ainda temos para nos dar.
Por onde andaste a minha vida toda e porque tive que penar, tanto, para te merecer?
Parece que te estou a colocar num pedestal, bem acima de mim, mas sabemos, os dois, que estamos agora no lugar que faz falta ao outro, e que é tão natural amarmos assim, como é tudo o resto que naturalmente nos chega. Parece que me dizias, nos dias mais duros e solitários, que virias e que a minha vida, assim, apenas eu, passaria a ter mais sentido. Sei que até as lágrimas que derramamos quando não nos podemos ter, nos cobrem de um manto certo, previsível e certo. Sei que mesmo quando nos zangamos, o fazêmo-lo pela necessidade de darmos muito mais do que para os outros parece ser possível. Sei que nunca estaremos de costas voltadas, porque precisamos, demasiado, de nos olhar, vendo-nos tão fundo, que nos juntamos num corpo só, mas em duas almas que regressarão, uma e outra vez, a casa.
Nada nos poderá vencer se tivermos pelo que lutar e com quem. Nada nos impedirá de chegar até ao outro, se o amor que apregoarmos, existir. Nada será apenas o nada com que tantos se embrulham, se o que desejarmos for satisfeito. Nada voltará a ser igual, não depois de nos termos provado e não depois de tanto que ainda falta dizer.
Não sei por onde andaste a minha vida toda, mas agora importa muito pouco, porque já te tenho e já te posso mostrar como amam os que nunca desistem!
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