Se eu não precisasse de ti assim, que me sentisses como te sinto e que me quisesses como te quero, então o que estarias a fazer aqui?
É claro que terás que estar onde e como estou, de contrário seríamos apenas nós, individualmente, sem qualquer ligação e sem termos o que fizesse falta ao outro. Mas será que te fiz falta, alguma vez, será que precisaste de algo mais na vida que construíste, com muros tão altos que nem me atrevi a espreitar?
Se eu não precisasse de quem precisa de ti assim, se não quisesse mais do que já consegui para mim, do que adiantaria ter-te olhado e desejado?
Inventem, por favor, uma máquina para os danificados, para todos quantos se sentiram, algures no passado, tão doridos, que nenhum amor, por mais forte e intenso que seja, lhes consiga retirar a armadura. Inventem pessoas mais prontas, com corações restaurados e capazes de retribuir o que alguns ainda se esforçam por dar. Inventem drogas mais duras, não das que viciam, mas das que aliviam e deixam o sangue correr. Inventem corajosos, loucos por tudo o que seja capaz de enlouquecer o coração, permitindo-lhes, de alguma forma, perceber que apenas terão se se deixarem ver.
Se eu apenas precisasse de mim, nunca te teria incluído, mas a verdade é que decidi que não quero este percurso se for solitário. Quero seguir de mãos dadas, em lugares comuns, com quem mude o que eu não sou capaz e com quem seja o que eu não tenho. Se eu não precisasse de te amar, jamais terias sentido a minha pele, ou conseguido ter o meu olhar. Se eu não precisasse de te imaginar no meu futuro, não teríamos sequer tido um passado para mencionar e o meu presente seria bem mais leve e resolvido.
Sem comentários:
Enviar um comentário