Agora que tudo em mim é normal, a vida que escolhi levar, os momentos que apenas divido com os que amo e a música que me acorda ou ajuda a adormecer. Agora que já não existe qualquer dor que me possa ser infligida, volto a ser eu, mesmo que ainda me vá recordando de ti. Agora, de alma totalmente restaurada, consigo que cada pequeno-nada deixe de ter importância.
Tudo tem a importância que escolhemos dar e a cada dia dou menos a quem se afasta, inevitavelmente, até que não reste nenhuma memória. Deixo de me importar com quem se recusa a estar aqui e por aqui. Porque tudo tem a importância que escolhemos dar, o que antes me fez zangar, chorar e permitir que a raiva se instalasse, hoje é tão vago que quase nem consigo lembrar-me de onde, ou como começou.
Se, e quando entendemos que ninguém pode ser responsável pelo que precisamos de ser e ter, nada do que façam ou deixem de fazer, por incapacidade natural ou pela essência que os reflecte, mesmo que não a consigamos ver de imediato, seremos e continuaremos, o nosso percurso pela berma certa. Estarmos de pé e mantermo-nos nós mesmos, assim, confere uma força que enfraquece ainda mais os que nasceram e permanecerão pequenos. Sermos nós, olhando-nos e reconhecendo-nos em cada atitude, e não fugindo do que nos tornará mais fortes, não é característica de todos, com imensa pena de tantos...
Agora já entendo tanto. Agora já aceito, de sorriso aberto, que de cada vez que me falham, apenas me melhoram. Agora vivo com cada vez menos pressa, porque os apressados, até os que apressadamente se mantêm parados, nunca passarão da entrada. Agora que com o tempo fui capaz de superar amores que pareciam tão grandes, já não lamento o que pareço ter em excesso, e começo a aceitar que mesmo que não exista quem tenha a mesma velocidade, construção interior ou liberdade, não terei como desistir. Agora que sei a importância que têm os que já foram importantes, percebo que importante apenas eu!
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