Como é que seria uma sessão no divã? Aposto que ficaram logo a pensar em coisas menos próprias, mas eu estava apenas a referir-me a uma ida ao um psicólogo numa sessão de análise, bem deitadinha no divã. Muito provavelmente iria deixá-lo demasiado confuso, a julgar que estava perante mais do que uma mulher.
Há dias, tal como o de hoje, em que acabo com uma sensação de fora do meu corpo, como que a desempenhar um papel que não me assenta, mas no qual terei que dizer o que se espera de mim. Há dias em que quero ser vista de outra forma e com outro corpo que não o meu. Há dias em que me canso de fingir e de sorrir. Há dias em que disponibilizar-me, parecendo tranquila e gentil faz-me ficar num estado de exaustão extrema. Há dias, como o de hoje, em que arranjo alguns pedaços de tempo para não ter que provar nada, nem colocar máscaras, mas continuando a saber quem sou, o que quero e porque sinto desta forma e não de uma outra qualquer. Há dias em que me apetecia apenas não estar, não parecer e não ser vista. Há dias cinzentos, mesmo quando o sol brilha de forma intensa.
Como é que seria uma sessão no divã, onde eu pudesse dizer tudo o que penso e me vai dentro?
Por vezes penso que a vida seria bem mais fácil se eu fosse actriz, quem sabe dessa forma não conseguiria despir-me de todas as outras e ser apenas eu, quem quer que eu seja sozinha. Só preciso de descobrir quem são elas, as que também me povoam a mente exageradamente produtiva.
Tenho a certeza de que seria corrida do consultório, sem ter aquecido o divã, se pudesse dizer, sem qualquer filtro, o que me vai dentro!
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