10.4.18

GRITAR!

Sarah Connor #sarahconnor


GRITAR impõe-se de cada vez que nos sentirmos doer por dentro, mas com uma dor que ninguém explica, porque chega de tão fundo que nos parece querer apagar a alma. GRITAR pode ser um acto de coragem. Um desprender de amarras. O afirmar de quem se toma por pessoa e precisa, como de pão para a boca, de ser respeitada e admirada pelas escolhas, mesmo que erradas.


Nunca deixo nada por dizer e se gritar é o que me permite continuar, faço-o, com o mesmo à vontade com que canto e incluindo-o nas minhas rotinas para que não me afogue, mas 
calma com esta coisa do gritar, porque ele pode não ser no sentido literal da palavra. Por vezes os gritos saem sem sons agudos, mas numa determinação que basta para que nos levem a sério. Gritar afirma-nos e reafirma tudo o que tantas vezes repetimos para que nos oiçam.

Conheço tantas pessoas sufocadas, com palavras que recusam deixar sair, olhando, sempre, para todos os lados, certificando-se de que não serão julgadas, que manterão a classe, como se por classe entendessem o nuca levantar a voz, o olhar de forma tranquila, sem deixar que os olhos chispem, de raiva ou de cansaço. Ter classe significa ter postura, carácter, algo a dizer e que até poderá doer a alguns, mas que virá para clarificar mal entendidos.

Os "arrumadinhos", e estou a tentar ser gentil, não lhes "gritando" que a falta de um nome e postura é tão limitador que dói, esses, vão acumular doenças incuráveis, mágoas que se manterão e com as quais não saberão mais lidar. É bom que entendam que no final pagarão tudo isso, tornando-os seres totalmente indesejados e sem qualquer capacidade de aligeirar as palavras que já não terão mais como conter. Nessa altura, inevitavelmente, acabarão como acabam os que nunca souberam explicar o que precisavam, sozinhos!

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