Agora dou comigo a sorrir de cada vez que oiço as malogradas queixas sobre relações, pessoas certas, cedências e comprometimentos. Sorrio por duas razões. A primeira porque já não sofro desse mal, aquele que me deixava a atirar questões para o ar sobre como seria ter alguém novo na minha vida, de que forma e quando. A segunda, porque já percebi que as cedências se tornam naturais, como natural é pensarmos e respirarmos, quando se trata de aceitar quem nos acrescenta e faz falta.
Gosto de ir ouvindo, a uma distância tranquila, as reclamações, os devaneios, os medos e tudo o que impede, muitos de nós, de apenas sermos felizes, sem mais barreiras do que as que já existem, naturalmente. Gosto de já não pertencer ao "grupo" dos que pararam de acreditar e dos que se mantêm cépticos quanto ao emergir de alguém que valha a pena. Gosto, IMENSO, de poder apenas ser eu e de me deixar ir, sabendo que no final de cada dia, mesmo que nunca chegues, vou continuar a ser a mesma e a gostar de mim.
Existem alianças e clubes aos quais não faço questão de pertencer, porque ser mais do mesmo, uma amargurada crónica, descrente e cinzenta, não é de todo a minha praia. Gosto do riso fácil, das certezas, de saber quem tenho, ou não e quando. Sabe-me melhor que chocolate, o meu único vício, saber que já não tenho quem me deixe totalmente vulnerável e desassossegada e é por isso que agora sorrio sempre quando percebo que já não estou "lá", e que mesmo não tendo quem me conseguiu receber e aceitar como sou, não me tonei mais pequena nem sequer menos importante. Agora sorrio sempre, porque já não gasto os dias a pensar em "ti", quem quer que pudesses ser, querendo-te no percurso que apenas eu terei que trilhar.
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