Parece que devo ser sempre forte...

Carne Griffiths é mais uma prova viva de que a arte pode surgir de qualquer lugar e o que importa mesmo é o talento e a criatividade. O ilustrador cria retratos respingados utilizando tinta de caligrafia e vários tipos de bebida, entre café, conhaque, vodka, uísque ou, à boa moda britânica, chá. O que à primeira vista nos parecem salpicos...


Sim, devo ser forte, porque é o que sempre parecem esperar de alguém como eu. Esperam que eu saiba, em todos os momentos, o que fazer, o que dizer e onde estar quando não estão os que me fazem falta. Se é suposto ser forte, vou sê-lo e tenho-o sido. Se está determinado, não sei sequer por quem, que não me posso desviar um milímetro do que sempre mostro, então assim será, até que me quebre, até que fique no chão, chorando o que ninguém pode ver, porque estaria a mostrar que afinal, caramba, afinal sou igual a todos os outros.

Devo ser forte, mesmo quando não te tenho, porque não me posso alimentar do que me passas e passarias se ao menos fosses igualmente forte. Sou forte quando escolho pensar que somos a nossa metade, a que queremos ter para lá do tempo que ainda não conhecemos. Sou forte quando imagino as nossas sombras, precisando um do outro, porque somos a luz que as reflecte.  Sou forte quando vejo o amor a dobrar, as palavras a saírem tão desenfreadas que nos magoamos de tanto amor. Sou forte e irei sê-lo, por ti e para ti. Sou forte e determinada, mais ainda desde que passei a imaginar que te tenho deste lado da minha vida. Sou forte mesmo que nunca mo peças e que apenas esperes que cuide de mim, talvez porque não o consigas fazer. Nunca esperas que saiba tudo e que faça acontecer demasiado, até porque é claro que te assusta. Sou forte, é um facto, mas a minha força fez-te fugir de mim, talvez porque tenhas escolhido acreditar que não me farias falta.

Não deveria precisar de ser sempre forte, mas é tudo o que me resta desde que mais nada do que esperava de ti me restou...

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