É sempre contigo que acordo, mas já não planeio qualquer dos planos que fizemos juntos e que acrescentei muito antes de saber com o que contar. É sempre contigo e em ti que entro no sono mais profundo, mas mesmo estando em cada um dos sonhos, já não terminas o que começaste em primeiro lugar e deixei de saber o que é que te pertence. É sempre em ti que penso quando arrisco pensar num outro qualquer, comparando-o e encontrando-lhe mil defeitos, tantos quantos certamente terás, mas com os teus sou capaz de viver...
São tantas as desculpas que uso para não te deixar sair de mim. Foco-me no que me serviu e fez bem, sabendo que te manterei intacto, sem tudo o que usaste para me matar por dentro, esventrando-me a esperança de finalmente pertencer a alguém. Encontro sempre forma de atenuar a indiferença, as promessas mal calculadas e a mentira assumida, certamente porque me doeria ainda mais perceber que até já estava percebido que não eras assim, não como te criei.
Sou humana. Sou mulher e sou apaixonada por tudo o que me apaixona. Sou inteira e não uso metades de nada, porque não é o que planeio receber. Sou feita da vida que conseguiste viver, mas ainda assim demasiado para o pouco que tinhas para oferecer. Sou quem julgou ouvir o que nunca disseste e ver o que não terias forma de mostrar, mas continua a ser contigo que começo e termino os dias que já não te incluem. Sou o meu próprio veneno e mesmo carregando a cura, escolho deixar-te por aqui, impregnando-me a pele que ainda se arrepia com a vontade de te sentir.
É sempre, e ainda contigo, que reencontro o prazer de pertencer a quem teria que me ter pertencido.
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