Por vezes estou assim, sem qualquer cor. Por vezes nada parece fazer efeito e a falta de ti deixa-me vazia e incapaz de me mover. Por vezes queria estar como estou agora, enrolada em mim mesma, sem qualquer sabor, nem o da boca que tantas vezes me beija. Por vezes nem me consigo lembrar da parte do dia em que te tenho verdadeiramente.
Nada me deixa mais sem ser nada, do que a tua ausência. Nada me desmotiva mais do que não saber quando voltas, o que dirás quando me disseres o que já nem me lembro. Nada consegue fazer de mim a pessoa que se entrega, inteira e determinada, quando não nos podemos tocar e o teu toque alimenta-me, dando-me o que te dou de volta.
Do que somos feitos afinal, e porque permitimos que a metade que nos falta domine tudo o resto? O que teremos ainda, que aprender para não corrermos atrás do que já é nosso, apenas se distancia para que o vejamos melhor?
Estou sem cor e a precisar que venhas e me tomes, seguro, assegurando-me de que ficaremos bem quando ficarmos juntos. Estou sem cor agora, embalada pelo cinzento que invadiu o céu. Estou sem cor, mas sei que retomarei cada uma assim que o sol abrir e o meu sol, és decididamente, tu.
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