Temos que aceitar esta nossa capacidade, infinita, de sonhar a pessoa certa, querendo que ela chegue no nosso formato. Sabemos mais do que isto, mas escolhemos não saber nada no que toca ao amor, porque a viagem fará tudo valer a pena, até com os sobressaltos inerentes à cegueira temporária. Precisamos de não ver o final, imaginando o que só acontece na nossa mente, porque até poderemos ser dos sortudos e ter tudo na proporção certa.
Sabes o que protege o amor?
A ignorância. A estupidez que se nos cola, mas chega a ser romântica, porque mudamos até a polaridade dos objectos quando estamos apaixonados. As incertezas que queremos, à força, saber como contornar, saltando etapas, ou adiando umas quantas. O que protege o amor é a escuridão que nos envolve quando parecemos estar a ver de forma clara e o clarão que nos ofusca, porque se soubéssemos quem nos tinha chegado, cada insegurança e defeito de carácter, já não arriscaríamos e fugiríamos do que muito provavelmente teríamos que aprender à força, com as bofetadas que recebemos para que possamos ser plenos e felizes. Se soubéssemos muita coisa, não nos permitiríamos viver, e é apenas vivendo que acumulamos histórias, lugares, amores e momentos que nos servirão no futuro.
Sabes o que protege o amor?
Todos os amores que resultam enquanto estamos a amar e por isso esperamos por mais e melhor. Cada desejo de certezas que não poderão existir, não enquanto não soubermos ao que vamos e por que razão. O que protege o amor é a inexplicável vontade de nunca nos afastarmos demasiado dele, sabendo, sem qualquer sabedoria documentada, que um dia o teremos todo só para nós, sem qualquer medida, sendo do peso que o nosso coração e alma aguentarem. O que protege o amor é a vontade de continuarmos a querer amar, muito e para sempre!
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