Perdoaste-me, já o disseste, já o senti e também percebi que te tinha perdido mal o fizeste. Com o teu perdão foi-se a minha esperança e veio a minha culpa em dobro, o meu medo agora pacificado, sem as lágrimas descontroladas, a raiva de mim e o desespero. Agora sei que não preciso de saber mais nada, nem de procurar por ti, porque te perdi.
Já me perdoaste e o teu olhar um dia vai passar a pertencer a outra. Deixei de me arrepiar só de o pensar. Deixei de me encolher apenas com a ideia de saber que não te beijei nem toquei o bastante. Já estou a deixar de sentir a falta que a falta de ti me fazia, agora já me cabe no peito a realidade de não te ter por perto e de nunca mais ver o teu olhar zangado mesmo quando dizias não te saber zangar comigo. Já não sinto a vontade, quase incontrolável, de te voltar a amar do princípio, sem interrupções, porque sei que te perdi quando me perdoaste e quando o aceitei.
Perdoaste-me e estou mais leve. Voltei a ser eu, a que apenas armazena amor, mesmo que por dois. Perdoaste-me e eu perdoei cada um dos meus sonhos, os que apenas deveriam ter permanecido no sono. Perdoaste-me como eu sabia que farias, porque em algum lugar e momento conseguiste perceber quem sou realmente. Perdoaste-me, mas não era o que queria ou precisava. Queria-te a ti e precisava que não tivesses tido que me perdoar!
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