Era uma vez, num lugar cujo nome importa pouco, uma mulher com um nome igualmente sem importância. A mulher que ninguém via, não porque fosse pouco interessante, mas porque não se importava o bastante com nada que a envolvia. Achava que lhe bastava ser ela mesma, decidir, sozinha cada passo, tomando nas suas mãos o poder de recusar de não querer e de não olhar.
Era uma vez mais uma alma, daquelas que acredita não precisar de se dar, porque ninguém estará pronto para a receber. Vai ficando no final da sua própria linha, mas na frente do que conhece, apenas ela, sempre ela, numa solidão que a envolve e confunde, mas da qual não consegue sair.
Era uma vez, num tempo que é este e que supostamente seria para quem já aprendeu a viver, uma vida que se vai perdendo, dia após dia, num vazio cheio de todos os barulhos que os outros criam e que ela acabou a aceitar.
Era uma vez um amor que não conseguiu ver nascer, porque nunca o soube reconhecer. A promessa de nunca depender de ninguém, comandando um coração que acabou sozinho, porque o que não se enche e preenche mata-se de um vazio que se agiganta.
Era uma vez, mais uma e mais outra mulher que se acabaram a juntar num quase ritual de loucura, por terem desistido do amor que não conseguem receber, e do qual nenhuma poderá jamais sair, porque já não sabem como...
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