Se soubesse tudo não viveria metade. Se as respostas aos apertos da vida fossem imediatas, acabaria por não fazer nenhuma, deixando-me apenas levar pelo seguro e óbvio. Se soubesse tudo nunca chegaria a provar dos teus beijos, porque certamente que iria evitar perder o teu sabor. Se soubesse tudo perderia o espontâneo e natural, mecanizando-me mais do que faço hoje por já saber tanto. Se soubesse tudo será que ainda teria margem para ir sabendo mais alguma coisa? É que o importante de ontem parece importar-me muito pouco hoje, talvez porque já importe muito mais.
Temos que ser capazes de aceitar a evolução, os embates e os revezes. Temos que ir abrindo uma porta de cada vez, guardando a curiosidade para os momentos certos. Temos que nos permitir ter menos, sendo e recebendo na proporção inversa do que damos,porque apenas assim saberemos o que é verdadeiramente importante.
Não preciso de saber tudo para ter tudo. Não preciso de entender o que não dizem para ser capaz de deslindar o que oiço. Não preciso de me superar a cada dia para ter como agradecer as falhas e o inevitável amadurecimento. Não preciso de ser iluminada para ver para além da escuridão, preciso apenas de me conhecer para eventualmente saber tudo o que me importa.
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