Ainda é um pouco difícil para mim aceitar que quanto mais resolvida estou, menos incluo o amor nos planos. Já não lhe sinto a falta, nem das conversas a dois, nem dos passeios de mãos dadas. Não me visualizo a ter um outro coração exposto ao meu, sentindo-o bater de forma intensa e descontrolada. Não o procuro e passo a desejar ardentemente que não se cruze comigo.
Não deveria ser assim e a opção de estar sozinha teria que ser contrariada e afastada, mas o certo é que o sabor que retiro de cada novo dia comigo, me sabe a certo e a natural. Não deveria estar conformada e muito menos serenamente impávida e desinteressada, porque isso só poderá significar que ninguém interessante se cruza comigo; não deveria manter os braços cruzados, nem os olhos distraídos; não deveria estar tão bem assim...
Ainda não sei do que serão feitos os meus dias lá mais para a frente, mas deixei de ter medo de já não "te" ter, quem quer que pudesses vir a ser. Ainda não entendi como cheguei a este agora, mas uma vez que aqui estou, só me resta aproveitar a viagem, até porque com ela tem vindo a serenidade de que me alimento. Ainda não sei se alguma vez voltarei a falar do amor que me coube, mas falarei sempre do amor que chega aos outros e os muda, para o bem e para o mal.
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