Contarmos a nossa história faz-nos incorrer num perigo imediato, não porque a contemos de forma errada, mas simplesmente porque na maioria das vezes somos narradores pouco fiáveis das nossas próprias histórias, acentuando o que nos parece verdadeiro, mas arredando imensos capítulos e fabricando uns quantos.
Todas as histórias têm mais do que um protagonista e se não os ouvimos na íntegra, corremos o risco de analisar precipitadamente os eventos. Quem conta uma história, fá-lo por norma com verdade, mas na realidade é a sua verdade e nem sempre se desenrola como a consegue ver.
"Contar uma história é inevitavelmente assumir uma posição moral" - Escreveu o psicólogo Jerome Bruner.
Contamos histórias para atribuir sentido à nossa vida, jurando a pés juntos que nos trataram de uma determinada forma quando merecíamos o contrário e explicando porque razão tratámos alguém de uma outra forma, porque obviamente o mereceriam. Somos seres peculiares e detestamos não controlar os acontecimentos que nos arrancam tantas emoções, por isso assumimos que as circunstâncias modelam as nossas histórias. Mas tudo apenas para dizer que se mudarmos a nossa história, poderemos mudar a nossa vida. Se nos mantivermos em prisões imaginárias, nunca iremos procurar a tal liberdade que obriga à mudança.
Mudar obriga a crescimento e nem todos desejam crescer, porque é estranho, difícil e porque acima de tudo nos responsabiliza, apenas a nós, por tudo o que fizermos. Temos que nos libertar da história que vimos contando sobre nós e começar verdadeiramente a viver a nossa vida, porque apenas assim nos libertaremos das grades emocionais.
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