Deixei que a tristeza me invadisse e me recordasse dos momentos em que cada vez sou apenas eu. Senti uma inveja deliciosa dos casais para quem fui olhando, enquanto partilhavam as histórias comuns e trocavam carícias. Tentei, sem qualquer efeito prático, imaginar como seria estar ao lado de quem nunca saísse do meu lado e me assegurasse de que juntos seríamos mais fortes. Alheei-me um pouco das conversas, tirando o som de cada um e olhando-os como se tivessem legendas numa outra língua. Passei por um ser de outra dimensão, mas já me vão conhecendo e sabendo que o meu mundo é muito peculiar, no entanto carrego desejos que serão comuns a outras mulheres e sou capaz de me colocar numa história mais cor-de-rosa, mesmo que não tão real.
Desta vez fui a única mulher sem parceiro, mas acabei por me lembrar da razão pela qual permaneço, sem qualquer ansiedade, à espera que a espera eventualmente acabe e me permita misturar-me com os comuns mortais, sendo mais inteira. Desta vez percebi que muitas outras se seguirão e que eventualmente entenderão porque permaneço assim. Desta vez foi algo estranho e o sabor dos beijos não chegaram à minha boca...
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