Chegaste de mansinho, mas nada em ti era passível de não ser notado. Tinhas um olhar que não se fixava, mas aos poucos foste olhando com mais atenção, procurando o meu e mudando a linguagem corporal. Chegaste com quem não te apresentou e fiquei durante algum tempo sem saber o teu nome, mas foste-te aproximando e quando quase se tornou desconfortável, sopraste-me ao ouvido que era bonita. Larguei-te um obrigada meio tímido e julguei que desistirias, mas estavas para ficar.
- Sou o Paulo e tu és a ...?
Não me lembro muito mais da conversa que acabou por ser longa, quase sempre soprada por ti, estiveste claramente a provocar-me reacções, talvez porque te tivessem dito que sou arisca e distante. Não sei o que tinhas, mas sei o que passaste a ter para mim.
Não consigo decifrar-te ainda, pareces dominar o teu lugar e importas-te muito pouco com os outros. Não és arrogante, apenas focado no que te importa e por sorte estou incluída. Algumas pessoas têm mesmo que se cruzar connosco e escolho acreditar que o farão pelas melhores razões, até porque de repente percebi que ainda estou viva e que o que carrego pode e deve ser partilhado.
E se de repente um homem simplesmente te fizesse esquecer todos os outros e o mundo se voltasse a alinhar?
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