Não te digo o que estou a pensar com receio de que penses exactamente o contrário. Não arrisco as palavras que nos poderiam juntar porque posso estar a perceber mal os sinais. Não te procuro o olhar, mas olho-te quando estás na direcção contrária e tento imaginar como seria se já fosses a minha pessoa importante. Não consigo deixar de me sentir mais mulher e importante mal te aproximas, mas deixo que a distância se instale, desculpando-me com os passos que espero sejam dados por ti.
Aqui estamos hoje, face-a-face, bem próximos e sentindo que os meus lábios poderiam até tocar os teus se me aproximasse, se acreditasse, se me deixasse voar nesta vontade de simplesmente ter vontade de ti. Aqui estou a sentir que o que sinto é real e que não posso estar errada. Aqui estás, a sorrir com os olhos e igualmente à espera que te sorria de volta. Aqui temos, um e outro a possibilidade de mudar este dia, acrescentando-nos em todos os outros...
Não te digo o que para mim até seria natural e simples, mas não estou pronta para uma rejeição determinada, a mesma que me faria passar a duvidar do resto do mundo. Não te digo nada, mas tenho tanto dentro que me parece difícil não rebentar. Não te digo nada e se nada disseres certamente que nos iremos arrepender os dois, um dia, num lugar lá à frente onde a vida será menos completa e segura, se ao menos nos assegurássemos do hoje.
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