O inverno, o frio e o recolhimento têm que servir para algo produtivo, por isso uso cada hora de luz e o primeiro despertar, para solidificar a minha versão de vida tranquila e feliz. Aprendi que é possível ter mais com menos; que é fazível mudar as rotinas e encaixar novas visões do mundo; que nos é permitido e desejável ser mais do que ter e é tanto que se tem quando o essencial já nos rodeia.
Viver devagar, saboreando cada novo momento, tal como se faz com um chá fumegante, é cada vez mais uma habilidade e estou a melhorar e a solidificar as minhas. Viver no aqui e no agora, sem adiar constantemente, sem reclamar e sem arranjar 423 mil desculpas. Viver sem repetir erros e deixando os medos bem enterrados, porque são eles que nos condicionam. Viver tendo o leme nas mãos e decidindo TUDO, até o aparentemente pequeno.
Não sei se é a idade a cobrar-me balanços, mas que avalio e olho com muito mais atenção para o que já construí, isso é um facto. Não sei se já atingi o patamar da coerência e clareza constantes, mas que já analiso e decido com mais determinação, isso ninguém nega. Não sei se finalmente entendi a matéria, mas que as provas chegam com melhores resultados, isso também asseguro. Não sei se serei apenas eu, mas sei que já faço correcções de rota sem qualquer esforço.
Cada inverno da minha vida carrega outras tantas primaveras e é dessa forma que chego ao verão sem recear que o outono faça recomeçar tudo outra vez.
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