Nunca nos chegámos a despedir, fomos apenas usando uns quantos "até logo", até se transformarem no NADA que sobrou. Gostava de não ter usado palavras tão amargas, mas a verdade é que te amei TANTO, que saber que o impossível se instalara me rasgou por dentro. Queria, mais do que tudo agora, que nos tivéssemos confortado num adeus que nos libertasse, porque na verdade continuamos por aqui, presos ao que imaginámos que seria e completamente incapazes de saber ao que teria sabido o nosso para sempre.
Deixaste-me sem vontade de sequer olhar para um outro olhar. Quebraste-me tanto que já não me permito os braços de quem me abraçariam e te arrancaria de mim. Impediste-me de voltar a acreditar no amor e não era esse o direito que te assistia.
Nunca mais nos voltámos a beijar como no início e foi tanta a vontade de nos termos, quando apenas tínhamos isso mesmo, vontade, que bem poderíamos ter dado mais um. Nunca nos perdoámos pela desistência a dois e por tudo o que nos impedimos de ser enquanto o éramos. Nunca mais acordei a saber que estavas do lado certo da minha vida e já não voltarei a adormecer com quem era seguramente a pessoa que me mostraria o melhor de mim.
Deixei-te sem vontade de lutares por mim, porque não soube como te fazer saber que todo o amor que te tinha era mesmo real e poderia ficar entre nós, sendo a realidade pela qual esperámos tantos anos. Quebrei-te ao fingir-me de forte e mesmo sabendo que o era, deveria ter deixado passar a fragilidade que me fez agarrar-te quando acreditei que nunca mais voltaria a amar.
Nunca mais nos ouvimos, mas ainda recordo o timbre da tua voz e como ela me fazia estremecer de prazer e desejo. Nunca mais voltámos a considerar voltar atrás e foi isso que ditou este presente, que é tão apenas um futuro sem ti e com o tanto que ainda te amo, e tu sem mim sabendo que nunca mais amarás alguém assim. Nunca mais é tão definitivo quanto o que fechámos em nós apenas para nunca mais nos abrirmos ao mundo. Com o nunca ficámos ambos a perder...
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