E se o amanhã chegasse hoje?



E se pudesse sair agora de mim e ver-me do lado de lá, o que será que perceberia? E se simplesmente pudesse deixar para lá o que me interrompe o percurso e apenas seguir, sem medos, sendo mais destemida e arrojada? E se fosse capaz de confiar em quem até confia que não falharei e aproveitar tudo o que já armazenei? E se os "ses" da minha vida desaparecessem sem qualquer esforço e tudo fosse mais claro e possível?

Somos, sem qualquer dúvida, os nossos maiores bloqueadores de prazer, sucumbindo ao medo ao invés do puro prazer, aquele que nos traz quem teria que chegar. Somos muitas histórias por concluir e outras tantas que não arriscamos começar. Somos a pessoa certa de alguém e a errada também, mas somos muito mais do que reconhecemos a cada dia, esperando que mais nada precise de ser feito ou descoberto. Somos capas mais ou menos duras e o problema maior passa por mantermos vestida até a que nos incomoda. Somos metades mais incompletas quando desistimos.

E se fosse capaz de me aceitar com tudo o que tenho dentro e que merece ser visto e sentido? E se voltasse a acreditar que amar é tão natural quanto é o respirar que já nem é tão compassado? E se te desse autorização para me dares o que mereço? E se fosses mesmo tu a recordar-me do que fiz por esquecer?

Sou fruto do que construí, mas quem sabe não me consigo ainda surpreender, permitindo que alguém me ame sem quês nem porquês...

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