Já tive toda a força do mundo, todas as ilusões que me alimentavam os planos que acreditava poder tornar realidade. Já fui muito corajosa, numa mistura meio louca de insanidade e certezas que ninguém me passava, mas nas quais me apoiava para chegar onde me imaginava. Já soube melhor de que forma desvalorizar os momentos maus, focando-me apenas no amor e alimentando-me dele para poder continuar. Já fui apenas a menina, feliz, despreocupada, livre e tão bonita que nunca passava despercebida. Já cheguei a achar que não teria que esperar que o bom chegasse, mas na verdade ele leva o tempo que precisa para que a espera termine...
Vou a cada dia menos vezes ao passado, mas de quando em quando espreito-o para não me esquecer de onde comecei e para onde apontei quando desatei a planear a única vida que me pertence, a minha. Estou muito mais no meu presente agora, e sabe-me pela vida perceber que afinal até fui bem-sucedida e consegui concluir muitas das etapas, deixando outras tantas para que me continue a superar.
Já fui demasiado frágil, tal como a maioria dos mortais e já quase morri de dores que afinal nem eram minhas. Já soube ao que sabia não ter qualquer sabor que pudesse identificar, mas também já saboreei o que apenas está reservado aos que nunca desistem de se superar para que superem TUDO o que quase os derruba. Já achei que tinha todas as respostas, mas a dada altura deixei de me importar com a necessidade de ter razão, até porque é um lugar demasiado solitário. Já estendi a mão que alguns souberam agarrar, mas também larguei a de quem certamente me devolveria todos os sonhos que abandonei.
Sou quem me esforço por não defraudar e sei que nunca deixo defraudados os que esperam pelo que até posso dar, e que afinal até é tanto, mas tão natural, que serve sobretudo para me lembrar que já sei bem mais sobre o que terá que me acompanhar para que a solidão nunca me derrube.
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