Que laços nos unem verdadeiramente aos nossos e que vida passámos aos que, a uma dada altura, dependeram inteiramente de nós?
O passado é suficientemente cruel para não nos permitir remissões, por isso as acções, as palavras e até os silêncios, deveriam ser muito BEM ponderados. É tanto o que se semeia na terra ávida de conhecimento, que deveríamos ter um mestrado em comportamento humano para não marcarmos, muitas vezes a ferro e fogo, os que não tiveram o poder de escolher. Ser pai, ou mãe, vai muito para além dos planos para a compra das roupinhas, as consultas ao obstetra ou a escolha do parto. Trazer ao mundo um ser, é um projecto que apenas terminará quando partirmos e é com essa noção que procuro por traços que me assegurem de que o meu trabalho foi bem feito. Não consigo evitar sorrir com o coração sempre que os sinto confiantes, determinados e genuinamente boas pessoas. Encho-me de orgulho perante cada obstáculo ultrapassado e por tudo o que afinal absorveram enquanto me esforçava, a cada segundo, para que a força emocional os acompanhasse. Durmo mais serena, mesmo que numa eterna intranquilidade perante o que ainda os espera, quando tenho provas do carácter, do amor e respeito pelos outros.
Os laços que criamos com os nossos filhos, permitindo que se construam sob a nossa supervisão e desarredando completamente do cenário qualquer vestígio de egoísmo, porque não nos pertencem, apenas nos são enviados como forma de formação social, tem que ser inquebrável. Tudo o que somos e temos lhes pertence e se cola, de forma indelével, mas inevitável. A nossa força dobrará a deles e as nossas fraquezas deixá-los-ão mais vulneráveis e nada do que dissermos e fizermos passará em vão, ou deixará de ser notado.
Que laços queremos ver perpetuados nas relações que os nossos filhos irão ter? De que forma lhes passaremos, consciente e determinadamente, as ferramentas que lhes salvarão das inevitáveis dores, impedindo-os de permanecer demasiado tempo no lado escuro da vida?
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