Nunca me lembro de ter esperado pelo amor, ou de sequer o ter procurado, primeiro porque era absolutamente garantido e depois porque a total ausência de uma segunda possibilidade, a de nunca vir a acontecer, deixava-me livre e feliz para viver todos os que chegassem.
Recordo-me, de sorriso nos lábios, de uns quantos amores que vivi na adolescência, eram simples, seguros e naturais. Não vivia em turbilhões emocionais, talvez os provocasse, mas a minha liberdade estava tão colada à pele e ao coração, que simplesmente desatava a amar à mesma velocidade que "desamava". Adormecia numa certeza inequívoca e acordava com todas as incertezas tão naturais no pequeno mundo do qual fazia parte.
Nunca me ocorreu ter que mudar de estrada depois de já a ter definido. Acreditava piamente no "para sempre", por isso ia vivendo os entretantos totalmente alheada de dores incuráveis e de mágoas que demoram a perdoar. Era seguro que me saberia a certo e que apenas teria que aguardar para ter o olhar que reflecteria o meu. Estava a anos luz de precisar de sequer considerar um recomeço depois de ter começado com todas as certezas que as incertezas amorosas provocam.
Tão longe vão os momentos que pareciam ter um guião para seguir sem pestanejar, cumprindo todas as etapas, sobretudo as que os outros esperavam de mim, mas eis que me torno gente, um ser único que pensa, faz escolhas e não foge da felicidade, porque no final de cada dia, será a única coisa que me moverá.
Nunca me lembro de alguma vez ter achado possível que a pessoa a quem amasse não me soubesse amar de volta. Ingenuidade ou excesso de confiança? Não sei a resposta, mas para o caso também interessa muito pouco, no entanto, o que sei é que nunca se deveria procurar por um amor, sob pena de jamais o conseguirmos encontrar.
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