6.1.22

Porque não podemos continuar iguais?



O que há de errado em querer que tudo permaneça igual e que até as pessoas que "perdemos" ainda estejam por aqui?

Mudar, deixar o velho para trás e seguir viagem faz-nos crescer, mas força a que tudo o que nos era familiar e permitia a sensação de lar, naturalidade e certeza, nos abandone para sempre. Saber que a porta de casa tem outro número, que na rua de sempre já não chamamos pelos nomes que nos sorriam de volta e se lembravam de tudo sobre nós; Perceber que o que tomávamos por adquirido afinal nos fintou e levou para o futuro, mas não como o imaginávamos, faz tremer o chão.

Porque é que não podemos simplesmente ouvir as mesmas canções, dançando-as com a mesma desenvoltura de quem apenas se queria mover, divertindo-se?

De repente somos adultos, envelhecemos e já vemos surgir as mechas da cor que antecipam o começo da viagem final. Do nada passamos a olhar mais para as fotos que não revelavam o que hoje sabemos e que lá atrás nos teriam roubado uns quantos sonhos. No que nos parece tão somente um minuto, a nossa força, coragem e capacidades de abraçar qualquer mundo, esvaem-se e com elas a certeza de que nunca mais poderemos voltar atrás.

Porque é que de repente consigo ver tudo o que já fiz, o que tanto desejei e acreditei conquistar, e sentir que só tenho vontade de voltar a casa e lá permanecer até aprender a saborear devidamente o que me iria fugir pelos dedos?

Sei que nada é igual e não importa se melhor, porque já consigo valorizar o que representava a pessoa que hoje também se dá o direito de olhar para o passado e sentir saudades!

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