Cada vez que olho para o lado, percebo que se criam novas versões do amor e que com elas se justifica tudo, a dor, o sofrimento que se instala como um móvel feio e desconfortável, mas ainda assim de uso diário e a ausência da TÃO necessária auto-estima. A cada dia que passa, esbarro em pessoas sem olhares que se viram para dentro e que aceitam o que lhes caiu no colo como se de uma herança se tratasse. Estão alienadas do que é correcto e aceitável e por isso aceitam, sem contestar, tudo o que lhes impõem. Não se permitem vontades, ou desejos de paz interior e deixam-se degradar em silêncios que as matam devagarinho, até quando gritam a plenos pulmões.
Mesmo que me considere resolvida e tranquila quanto às minhas escolhas, ainda me deixo envolver pela vergonha alheia, sentindo que há TANTO para fazer no que diz respeito à socialização com o outro, aos limites e ao uso da razão, que me pergunto de que forma poderei ajudar a mitigar estar torrente de desamor colectivo. Não tenho que ir muito longe para ver o que me dói na alma, porque amadurecer pode ser um acto solitário, mas o desejo de que cada vez mais almas amadureçam comigo, é premente e serviria para melhorar até o ar que respiro. Estou a ver afunilar as possibilidades de relacionamentos novos e que também me engrandeçam. Sinto uma enorme tristeza perante os poucos que ainda são bons, porque não deixo de desejar que sejam muitos mais.
Cada vez que me esforço por aprender com os que comigo também povoam este canto do mundo, deixo-me invadir por uma enorme consciência de vazio, de cegueira inata, ou imposta e de desalento. Tenho tentado, juro que sim, passar o que tanto me custou a aprender, até porque fui sempre bem-sucedida como professora, mas a verdade é que não poderei calçar sapatos alheios e de alguma forma aliviar pesos desnecessários, não aos que o recusam. Não vim a esta vida para salvar todos, mas seria bem mais feliz se o conseguisse a uns quantos.
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