Quem vejo agora e de cada vez que me atrevo a olhar-me com atenção?
Uma mulher nova, diferente, capaz de muito, mas incapaz de tudo o que já deixou de importar. Vejo-me por dentro e assusto-me com a falta de medo para conquistar lugares, um corpo que me acompanhe a mente, e que fustigo até que se renda, mas assustada pela falta de entrega aos assuntos do coração. Arredei-me deles e agora não sei como trazer de volta a que amava com entrega e que esperava pelo melhor, acreditando que o pior nunca chegaria. Vejo-me a olhar com muito mais atenção para o que está aqui e agora, mas TÃO incapaz de ver o que não me reflecte nem se encaixa, que acabo os dias a achar que eventualmente já não caberei em lugar algum. Vejo-me bem quando me chamam os que me conseguem manter em ambos os pés, porque precisam que lhes passe a tranquilidade que a vida ainda não proporcionou, pela falta de idade experiência e não fora essa, a mãe, e parte da mulher já se teria esfumado.
Quem é que vejo quando NADA parece digno de ser visto e o vazio se instala de forma tão ameaçadora, que me assusto com o que carrego dentro e quase me engole, afastando-me dos que apenas dizem o que já não preciso de ouvir?
Vejo a imagem que está aqui exposta, aparentemente cheia de serenidade, mas a implodir de tanta inquietude que muito provavelmente terei que me retocar também ao vivo, de contrário acabarei presa compulsivamente.
Quem é que vejo quando mais ninguém está a olhar?
Vejo a mulher que me tornarei num futuro que já me pareceu muito distante e vou confessar que gosto de tudo nela, mesmo sabendo que será a cada dia menos gostada por todos quantos não se sabem olhar e por isso não a olham com atenção.
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