Quem entende afinal todo o desgaste em relações que até são recentes, num estágio em que supostamente o amor deveria superar tudo e adoçar as bocas mais amargas e massacradas pela vida? Quem entende a necessidade de lutar contra tudo e contra nada, quando se deveria unir forças e chegar onde todos desejamos?
Fico incomodada e algo incrédula perante a incapacidade atual de se amar quem nos ama, apenas e só. Passamos o tempo a analisar, exigindo demasiado e esperando pelo que precisa de tempo para se ajustar e entranhar. Não desculpamos nada e medimos forças, perdendo bem mais no final do que ganhando e terminando vazios para as relações seguintes.
Está a tornar-se cada dia mais difícil desnudarmo-nos, mostrando-nos por dentro. Parecemos ter um medo atroz de que nos conheçam e nos desnudem a alma, quando na verdade é tão bom e tão mais simples ter quem nos identifique, quem nos pertença e saiba de que forma sentimos, desejamos e queremos para além do que conseguimos mostrar. É uma sensação de estar em casa, onde se pertence realmente e a não precisar de explicar o óbvio, recebendo o dobro.
Vou, de alguma forma, persistir na minha crença de que somos sempre capazes de melhorar, de querer mais e de dar mais. Vou continuar à espera que o motor da vida, o único que move montanhas, nos cure, porque se nos transformarmos em doentes crónicos só nos restará apaziguar as dores e nunca mais conseguiremos ter prazeres genuínos. Vou querer continuar a sorrir só por que quero, porque me deixa feliz e porque sim. Vou manter-me crente no amor e quem sabe ele não se instala de vez.
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