O tempo no meu tempo!



Estou assumidamente fascinada com o tempo. Correr é o que tenho feito e quase que arrisco dizer que não o vou deixar de fazer, mas desacelerar e contar cada minuto do meu temo passou a saber-me muito bem. É tanto o que já deixei passar e são tantas as pessoas que já estiveram na minha vida, mas que partiram, que o tempo me merece imenso respeito. Os momentos de alegria intensa que se colaram, mas que também se esfumaram, forçam-me a perceber que importante é o que tenho, o que vivo, sinto e sou capaz de passar.

Estou fascinada com o que já não está mais aqui, mas pratico o desapego diariamente e sei, melhor hoje do que no meu ontem onde era afinal tão imberbe e pequena, que ter a capacidade de escolher ser eu e no meu formato me dá a liberdade que ninguém rouba e a paz que ninguém quebra. Estou fascinada com o que me fascina, mesmo e até com o mais pequeno, porque na realidade significa apenas que estou mais viva do que nunca e que renuncio, veementemente, ao desamor e ao que importa tão pouco, que de forma alguma poderá mexer com o meu tempo. Estou fascinada com a habilidade instalada de não se dizer coisa alguma e de se "cuspir" palermices que não movem nem sequer o ponteiro mais pequeno do relógio. Mantenho o fascínio nos que se desmentem a cada dia, mentindo para não caírem no vazio das vidas que criaram. Estou fascinada com o retorno do Universo e ele é mesmo justo, tanto quanto somos imaturos, ou maus, ou pequenos, ou até burros.
É tanto o que me fascina por estar atenta, que só me posso prometer não ceder a descuidos que me roubem o que realmente pode fazer muito por mim. Recuso-me a desistir de mim e do que me define, mas passei a ter tempo para não desistir dos que ainda poderão ser salvos por mim ou até pelo tempo que decidirem oferecer-se.

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