1.4.23

A vida surpreende-nos sempre!



Nada, mas mesmo nada, alguma vez me levaria a suspeitar do que hoje vivo!

A vida vem e faz o que lhe cabe, porque não controlamos nada, mas viver continuamente como que a fazer desportos radicais, é muito difícil. Já me tinha "resignado" a viver a um ritmo mais lento, começando e terminando os dias sempre à minha maneira e sob os meus termos. Ter quem nos ligue os botões mantem-nos mais vivos, mas também nos testa todos aos limites.

Nada, nem mesmo a vontade de um dia esbarrar num amor que me amasse como sempre soube, me prepararia para a intensidade com que voltaria a amar. 

Tudo foi diferente, a um outro ritmo e com novas condições, mas tudo o que chegou, na forma dum homem sem formato definido, ou por mim conhecido, tem servido para me abanar as estruturas, talvez para que conheça melhor mais uma das minhas versões. Porque pareço ter muitas!

Nada, nem ninguém, alguma vez teria como me convencer dos muitos dias em que esperei pelo que não chegava, dando-me sem condições e sendo descartada até quando achava estar a ser aceite e incluída.

Ainda penso em tudo o que fui pensando quando não estava a pensar claramente e dava, uma e outra vez, mais chances para que me visse, reconhecesse e aceitasse. Não me iludi, em momento algum, achando que a história tomaria outros contornos, mas fui colocando os pés, um em frente ao outro, sem metas definidas e sem sequer saber se terminaria a corrida. Houve momentos em que quis desistir e quase que o fiz, mas aconteceram muitos outros nos quais decidi simplesmente levar tudo até à ponta do precipício, esperando pela decisão de saltar ou de simplesmente parar.

Nada, ninguém e nem mesmo nós, poderia alguma vez sequer imaginar que o dia de hoje iria chegar e que juntos estaríamos a encetar a mesma viagem, amando com igual vontade e aceitando tudo o que nos forçou a mudar.

Acabamos de completar a primeira travessia, seguramente que a mais dura. Parabéns a nós por um ano bem mais desafiador do que os do confinamento e por vezes bem mais doloroso do que as dobradas vacinas que aparentemente não nos puderam proteger. Um ano de aprendizagens, de idas e voltas, mas este já ninguém nos tira.

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