Dias sem qualquer som que me saiba bem ouvir. Momentos que nunca serão iguais, mas dos quais já não fujo, porque também sou feita dos cinzentos, mesmo que com muito azul em volta. Músicas com as mesmas batidas, mas que oiço de forma diferente, porque também é assim que me sinto. Palavras que me sopram sem que as consiga escutar e silêncios que prezo mais do que antes, para que possa saber o que me digo. Dias que colocam todos os outros em perspetiva.
Quem somos para os outros e o que conseguimos ser para nós sem que ninguém saia a perder?
A sensação de que estamos sempre a jogar, mas que de alguma forma ninguém terá como vencer, faz-nos correr mais e procurar mais longe. Saber que ainda não sabemos o suficiente dos que passam por nós, enche-nos dum vazio que nunca sossega com os barulhos externos, porque esses apenas vão e vêm sem respostas que sirvam. As poucas certezas quanto ao que aparentemente é certo para os outros, deveria bastar para que procurássemos, mais avidamente, pelas perguntas que terão que ser feitas.
Para onde vamos quando não parece existir um lugar que nos sossegue a alma cansada de tanto cansaço alheio?
0 Comentários