É com os meus braços vazios, mas cheios de vontade de te envolver no corpo que anseia pelo teu, que quase me sinto desistir, deixando-os cair enquanto caio num desespero que me envolve os dias e as noites. É apenas nos meus sonhos que te tenho, mas de forma tão real, que quase recuso acordar, sabendo que nunca te sentirei da mesma forma e que jamais serei sentida por ti. É nos meus beijos, os que já tiveste, que te passo o que sou e o quanto te desejo, mesmo que saiba que os teus não me beijam apenas a mim. É sozinha, uma vez mais, que tento fugir da solidão que me infligiste, acabando ainda mais solitária e cinzenta, eu, a rainha das cores, porque as via até onde mais ninguém parecia conseguir. É aqui e agora que percebo não ter o que tanto pedi e que acreditei ter encontrado mal te olhei, mesmo que nunca tenha sido olhada de volta.
Já entendi que não sou do formato que se encaixa no teu, mas o meu coração teima em negar-me a razão com que o injurio, dia sim e dia também, para que me liberte dum amor que apenas eu sinto. Estar errada deixa-me sem norte. Querer-te sem que alguma vez me tenhas querido, está a voltar-me ao contrário, abanando-me o que julgava ter firme. Saber de mim já não me confere a sabedoria que me apaziguaria a alma e sofrer por amor é o que me vai matando a cada segundo.
É com os braços vazios, mesmo após tanto tempo e entrega, que percebo jamais poder ter o teu corpo no meu, não da forma que me deixaria cheia de tudo. É sem ti que continuo a viagem.
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