9.11.23

Vi-te, mas já não foi igual!



Vi-te, mas não foi igual. Senti-te, mas o meu corpo não reagiu da mesma forma. Olhei-te, mas não pousei os olhos como antes. Vi-te, mas tudo o que foste antes deixou-me sem vontade de continuar a querer.

Os teus abraços envolviam-me, antes, numa sensação de afago, de cuidado e de emoções partilhadas, acreditava eu, porque assim o escolhera, mas agora não anseio por nenhum, até porque já não seria devidamente abraçada. Os teus beijos enchiam-me a boca do que era para ti, mas apenas para me deixarem vazia do que tinhas disponível e foi sempre tão pouco. Os teus tempos não corriam em direção aos meus e por isso vivíamos num constante descompasso que nos afastava bem mais do que unia. Os teus desejos encaixavam-se num formato diferente de mulher e foi assim que nunca me encaixei.

Vi-te, mas já não foi igual, talvez porque tenhas deixado de ter um lugar cativo num qualquer canto do meu coração cansado. Vi-te, mas apenas para perceber que nunca te tinha visto verdadeiramente e que na verdade tens muito pouco do que me sobra. Vi-te e o vazio invadiu cada veia, bombeando o sangue ao contrário. Vi-te, talvez pela primeira vez e não tive como explicar o que tanto me fizera querer-te. Vi-te de perto, mas já estavas irremediavelmente longe.

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