6.1.24

Tardes de paz!



Estou numa tarde comigo, vendo o chá a borbulhar e admirando os sons, alguns novos, que me envolvem e serenam a mente. Presto mais atenção aos que têm histórias válidas para contar, sobretudo para poder cimentar quem sou, aceitando-me na diferença e nunca sentindo falta de outros caminhos ou escolhas, mas capaz de os equacionar. Uma tarde na qual vou ouvindo o que preciso para confiar que sou quem determinei e que estou pronta para mudar, mudando a parte do mundo que me pertence. Uma tarde tão tranquila quanto é a minha mente quando me foco no que importa e apenas me importo com os que valem a pena.

Gostava de esbarrar, mais vezes, em pessoas cheias de histórias válidas e que fossem capazes de validar a minha curiosidade inata, tal como a necessidade de saber do que permite ser ainda melhor. Gostava de não precisar de me proteger tanto, respirando livremente o ar que não me mantém apenas viva, mas reajusta umas quantas rotas e determina lugares. Gostava de poder gostar de pessoas menos gostáveis, quiçá para saber ao que sabem os seus dias de alma cinzenta e os momentos fugidios aos quais se agarram por mais nada conseguirem ser e ver sozinhos. Gostava de já ter trabalhado muito mais a tolerância, mas percebi, atempadamente, que o tempo não corre a meu favor e que não esperará pelas minhas indecisões. Gostava de já estar onde me consigo ver mal acordo, mesmo que o como e o quando não me pertençam, apenas o quê. Gostava de ter ao meu redor almas plenas de certezas, pessoas com sorrisos sem esforço e com caminhos bem delineados, mesmo que passíveis de alterações previstas. 

Estou, hoje, como me desejo, comigo, mas sempre atenta aos que povoam parte dos lugares que me cabem, porque mesmo sozinha, não pretendo sentir-me só. Estou numa tarde reveladora, porque percebi do quanto na realidade preciso para não precisar dos que nunca estiveram, mesmo que o tenha desejado. Estou, ainda, com o coração cheio do amor que em breve terá um destinatário, sei-o, porque já o remeti devidamente.

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