Estava com saudades de mim. Saudades de quando acordava tranquila e segura de que apenas eu me segurava emocionalmente. Estava com saudades dos sorrisos para dentro e das gargalhadas sonoras, quase sempre pelos mesmos motivos, um bom filme, um livro surpreendente, ou o nada que é tanto. Estava com saudades de pensar no amor como algo libertador e simples, ao invés de dúbio e manipulador.
O truque está em seguir as minhas passadas, ao meu ritmo e deixando para trás quem não me souber seguir. O segredo para não precisar de segredos, é viver com as "janelas" abertas, permitindo que o ar circule, quente ou frio, mas real. A magia, porque ela acontece a todas as horas, é continuar a acreditar que me basto e que não me devo impôr ou justificar.
Estava com saudades de ter as horas do dia apenas para o que desse na real gana, sem pressas e sem necessidades que não as minhas e aquelas que acolho dos meus. Saudades de não ouvir desculpas sem nexo e de não ter que reviver, vezes sem fim, as dores que me infligiram por tremenda falta de amor. Estava com saudades de aceitar e de entender que algumas pessoas apenas se poderão cruzar comigo, mas que jamais as deverei permitir ficar. Saudades de palavras verdadeiras, saídas de bocas descomprometidas. E não é que no meio de tanta saudade, esbarrei em mim, naquela que sempre fui e na que agora também me tornei após mais umas quantas aprendizagens? Mas apenas para perceber que não preciso de continuar a ter saudades, porque afinal já estou de volta a mim.
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