A falsidade é a nova doença do século e com ela chegam outras tantas que nos deixam, aos que não a usam como se dum fato se tratasse, com a sensação dum alívio que se cola por estarmos imunes. Quanto mais falso te tornas, tornando todos à tua volta meros utensílios da tua insatisfação crescente e desmedida, mais oportunidades dás para que te afastem para sempre.
Não sei de que forma entender ou equacionar as mentiras que alguns permitem que se colem às suas peles gastas de tanto esfregarem o ego insaciável. Não sei sequer se sabem o que fazem e a quem, fazendo-o a si mesmos em primeira instância. Não sei do que padecem para estarem a contaminar quem se aproxima, mas não planeio saber em demasia, porque muito provavelmente me adoeceria a alma.
A mentira que nos contamos enquanto exalamos outras que apenas alguns sentem, estão a retirar-nos o poder de escolher e de decidir, porque existem outros tantos iguais e ansiosos pela dança do faz-de-conta. Os cenários que visualizamos, mas apenas nos quintais dos que pouco nos refetem, nunca são usados para mantermos os nossos "limpos" das ervas daninhas que nos engolirão eventualmente.
Já sei mais do que acreditava possível sobre os que nada parecem saber da vida que lhes coube, renegando o enorme privilégio de andarem por aqui de cara lavada e sem precisarem de a esconder. Já sei, soube-o algo à força, o que nunca serei enquanto outros aceitam ser tão pouco. Já sei que preciso de bem mais para ter o suficiente, porque nunca me bastará o pouco que apenas largaria algumas pinceladas nos quadros que eu mesmo pretendo pintar. Já sei quem sou, os outros que façam o mesmo!
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