Algumas pessoas vão sempre querer tudo. Umas sonham com o poder que aparentemente têm quando acreditam estar em controlo. Outras, ainda menos sábias, seguem pelos trilhos da vida que criaram, obstinadas e à procura da fonte, quiçá da juventude que lhes foge entre dedos. Algumas pessoas apenas existem para testarem as que julgam já ter percebido como funciona a roda das relações e dos sentimentos. Algumas pessoas terão o poder de nos deixar ainda menos crentes quanto à existência de pessoas que valham mesmo a pena. Algumas pessoas nunca chegarão a ser as que iremos querer ter por perto, mas é isso que inclui as restantes. Algumas pessoas são insensíveis à sensibilidade alheia e nunca conseguem saborear o doce que jorra de quem se atreve a amá-las. Algumas pessoas são e serão apenas pessoas, anónimas, invisíveis e desinteressantes, se subtrairmos o que fantasiámos sobre elas.
Já ninguém se volta a intrometer no que desejo e no que faço, porque seguirei firme, impedindo-as de me "oferecerem" o que seria claramente um presente envenenado. Muito poucos me surpreendem pela postura, pela intenção de ser e de fazer acontecer e já raramente esbarro em quem seja especial sem que se considere, apenas respirando e permitindo.
Ainda não sei muito bem o que faço aqui, se na verdade pareço não conseguir fazer quase nada por quem nunca soube o que fazer de si. Ainda não tive como ler as legendas de um filme emocional sem fim à vista, quer seja feliz ou impossível de realizar. Ainda não me foi dada a possibilidade de me passar sem reservas e reservando ao outro a capacidade de me ver por inteiro. Ainda não me fizeram ouvir a música que mudaria a minha rota há muito estabelecida.
Algumas pessoas nunca nos permitirão usufruir por inteiro da felicidade de que já somos feitos!
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