Quieta e segura...



A quietude das certezas que chegam com o amor, quando é recíproco, ou até quando não encontra forma de nos encontrar, deixa-nos a saber exatamente o que seremos e quando. A ausência dos barulhos que apenas nos afastariam de nós, tornam os dias bem mais controláveis, assim o entende quem controla cada inspirar e inevitável expirar. A quietude que não tem preço, porque nos remete à única pessoa que podemos ter e manter para sempre, nós mesmos. O silêncio que já não perturba, sobretudo se o tivermos auto-imposto, porque é nele que nos dizemos tudo o que os outros se sentem incapazes de partilhar. A quietude das almas recompostas de tanto desamor, confere-lhes sabedoria até no caminhar que é sempre determinado, mas ainda assim cheio de elegância e delicadeza. 

Algumas pessoas vão vivendo apenas para o reconhecimento e validação de quem nem sequer lhes permite ser. Algumas pessoas esbarram nas pessoas que lhes sobram e outras recebem as que nunca as poderão desejar, talvez porque o desejo como o entendem, já esteja para lá de morto. Algumas pessoas continuam a querer provar o que têm, falhando perceber que não terão nada se recusarem ter-se. Algumas pessoas procurarão, incansavelmente, pelo que brilha no escuro, mas que ainda assim lhes escurece a alma.

A quietude que vem com a necessidade de já não ter que provar quem sou e ao que venho, afasta irremediavelmente os que NUNCA poderão sequer espreitar pelas frestas que arrisco deixar abertas. A certeza de que tudo farei acertar, primeiro por mim e depois, algum tempo depois, pelos que acabarão a rever-se no que sou, permite-me sorrir até quando as lágrimas correm, não pelas falhas, mas por todas as conquistas. A quietude de que sou feita, fez-me reconhecer que apenas conquistei o que não receei empreender e é assim que permaneço.

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