O ponto G...


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Assim que me divorciei comecei a organizar almoços durante a semana com amigas e colegas que os nossos relacionamentos tinham afastado. Sou mulher e sinto falta de vozes femininas, de vontades idênticas às minhas e de risos fáceis. Quando nos votamos demasiado à família, à casa, aos filhos e ao trabalho, ficam espaços vazios por preencher. A vida também deveriam ser caminhos paralelos, mas cabe-nos a nós procurá-los e mantê-los.

Das primeiras vezes satisfazia-me a cozinhar para todas, por norma éramos quatro ou cinco. Olhava para elas e escutava-as até me a sentir-me uma alien, como se estivesse fora do meu próprio corpo. Os jantares estavam à partida afastados, pois as crianças já teriam voltado da escola e não nos permitiriam conversas de bolinha vermelha. Foi num desses almoços, sob um strogonoff de frango que faço com mestria, que descobri a existência de orgasmos de ponto G.

- Alguma de vocês fica toda molhada quando se vem, mas molhada mesmo?
- Do género rio a escorrer pelas pernas? Eu, porquê?
- Porra para isto, tenho quarenta e sete anos, sou solteira, já tive um bando de gajos e ainda só tinha conhecido 1 mulher com orgasmos assim. Tu és a segunda. Puta de sorte a minha!

A Rosa até se agarrou à barriga com tanto riso. - Vocês são mesmo doidas.
- Peço imensa desculpa, mas até cheguei a pensar que sofria de alguma mal-formação. Assim que me levanto parece que me urinei toda.
- Não acredito nisto. Primeiro descubro que tens orgasmos múltiplos, que te vens mais depressa do que eu como um pastel de nata e agora ainda mais esta. Oh mulher do diabo, tu engarrafa-te e vende-te como vinho gourmet.

Nós mulheres temos esta capacidade de nos rirmos de nós, de falarmos de tudo e de nos expormos com a maior naturalidade. Tem sido uma experiência cheia de ouro, estou mais humana, com mais força de vontade de seguir em frente e não me sinto sozinha agora!

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