- Ana vem cá, depressa!
- O que foi mulher, quem está a morrer?
- Olha para isto.
Eu não queria acreditar, só poderia ser obra do João. Espalhadas por todo o chão do meu escritório, estavam centenas de flores, orquídeas, as minhas favoritas, de todas as cores e lindas de morrer. Não consegui evitar ficar com os olhos embaciados de emoção, por norma apenas vemos igual a isto em romances no cinema, mas ali, diante de mim, estava o acto mais louco e maravilhoso que jamais alguém me tinha feito. Foi um corre-corre de colegas a entrarem, a rasgarem elogios, estavam histéricas e diziam ir cobrar dos respectivos igual loucura.
O cartão deixei para ler, sozinha e tranquila. Queria deliciar-me com as palavras que tão bem sabia usar, queria poder sorvê-las totalmente e sentir-me, uma vez mais, bafejada pela sorte. Tinha ao meu lado alguém que me cuidava, amava e não olhava a meios para me ver sorrir ou chorar de alegria.
"Meu Amor, tudo o que faço desde que te conheci, só tem significado se te incluir. Os meus dias agora são sempre cheios de cor e de sons do teu riso lindo, natural e genuíno. Sou um homem afortunado e faço questão de to mostrar todos os dias, horas e minutos, que entrei na tua vida para ficar. Dizes que não precisas de nada mais para além do meu amor, mas eu iria buscar a lua e o sol se pudesse, para ti nada será jamais demasiado. Amo-te de paixão. Beijo nesses lábios que me enlouquecem".
Fiquei abraçada ao cartão, chorei e ri de felicidade, e senti-me completa, viva. Apenas o som da voz suave da Carlota me trouxe de volta à realidade.
- Estás bem?
- Estou minha querida, obrigada.
- Tu mereces isto e muito mais.
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