O João chegara de mais uma viagem, mas desta vez a casa estava vazia, silenciosa, as janelas não deixavam ver o mar do outro lado, o cheiro da Danny já não se sentia mal a porta se abria. Ele escolhera outro percurso e acabara a desejar nunca a ter abandonado. Descobrira tarde demais que era ela a mulher que o poderia fazer feliz, a que mexia e remexia com todo o seu corpo e ser!
O duche parecia não querer terminar, a água não estava a conseguir lavar a enorme mágoa de a ter perdido, o desejo de a apertar uma vez mais, de a possuir até que lhe implorasse para parar, ainda conseguia ouvir a sua voz, quente, cheia do desejo que tinha por ele. Quando dançava para ele, quase o enlouquecia, olhar para o seu corpo escultural, torneado, as pernas que entreabria e que lhe recordavam do quanto era sua, de como a possuía uma e outra vez sem nunca se cansar, era um mulherão e era sua, fora sua, perdera-a...
O copo de whisky, agora sem gelo, não o satisfazia, não lhe apetecia beber sozinho, não ter palavras para partilhar, não ouvir a música que ela sempre punha alta para espantar os espíritos. Nada tinha vida, interesse, nada importava mais e a cama ainda desfeita jamais voltara a ser usada. Agora era no sofá, com as noites em claro, que recordava cada sessão de sexo tórrido, cada suspiro, o suor que lhe escorria dos seios que nunca se cansava de beijar, de tocar. Quando a Danny gemia o seu mundo virava-se do avesso, como fora capaz de a perder, de a deixar ir, de não refrear o seu enorme egoísmo, de querer o melhor dos dois mundos descurando o mais importante.
Pegou no telefone, respirou fundo e fez o que já não conseguia controlar.
- Sim boa noite, quem fala?
- Olá Danny, sou eu, podemos conversar?
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