Acabaram de me perguntar porque consigo expressar-me desta forma, fazendo com que os outros se revejam no que escrevo, mas o que sei é que as palavras vão saindo sem qualquer plano. Sento-me, olho para as teclas do computador e deixo-me ir!
Se tivesse quem fizesse a correção ortográfica por mim, nunca relia o que escrevo, deixando de me sentir estranha e assustada com os sons que deixo escapar. Por vezes estou apenas a lavar a alma e a impedir que o corpo se ressinta de uma dor intensa, mas outras há em que escrevo fora de corpo sem qualquer ligação emocional e tão vazia que diria estar num sono profundo.
Quando estou mais "down", bastam os primeiros acordes de uma música que o resto flui, saindo mais veloz do que a minha velocidade física. Mesmo que o meu mundo esteja a desabar, nunca me consigo silenciar, arranjo sempre forma de me debitar e de deitar fora partes de mim, porque sei que no final ficarei mais tranquila e restaurada.
Já tive ocasião de dizer que este alegado "dom" chega a ser um castigo, porque seria tão bom conseguir silenciar-me, impedindo-me de querer demasiado e esperando dos outros o que nunca parecem ser capazes de me dar.
Onde estará afinal a outra metade de mim, aquele que saberá tudo o que tenho dentro e que nunca terá que ler uma única palavra para saber do que falo? Onde estará quem me consegue incluir de forma natural, sabendo por onde podemos e devemos começar? Onde estará quem tem a força emocional para me aceitar como sou, não temendo nenhuma das minhas palavras, porque elas não são escritas para magoar, são apenas pedaços de mim que não tenho forma de silenciar? Onde estás tu quem eu até já vi e senti, mas que continuas com uma imagem tão difusa, que não sei como lhe chegar?
0 Comentários