E se o tempo que nos forçarem a partilhar não chegar? E se no final do pouco que nunca será bastante, ainda estivermos como começámos, Mal, sozinhos, numa solidão que não passa? E se tivéssemos apenas uns minutos, do que falaríamos?
Existem distâncias que não conseguimos mudar, deixando de poder aproximar o que se manteve demasiado longe. Existem momentos que não conseguimos reverter e que precisávamos de ter mais longos para nos fazermos sugar num desejo que não se esgota, que não basta e que não nos sossega.
Não são apenas os começos que nos deixam assim, com esta sensação de estarmos a entrar em vidas que esbarraram na nossa. Não são apenas os primeiros beijos que sabem a sabores novos, todos os outros, dados por quem e a quem nos sabe a uma mistura única, nunca mais poderão ser igualados e nunca teremos lábios nem bocas que se assemelhem. Não são apenas os enamorados que namoram, todos os outros, os que sentem que os minutos, mesmo que muitos, nunca serão suficientes, acabam a não deixar acabar o que começou, mesmo que há muito e mesmo que não se lembrem quando.
E se tivesses apenas uns minutos, será que saberias o que dizer, com a intensidade que o outro precisaria de ouvir? Pensarás sequer nisso? Estarás mesmo pronto para quem aparentemente está pronto para ti?
E se tivéssemos apenas uns minutos, onde estaríamos?
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